1 de setembro de 2008

Marraquexe, Marrocos

Havia algum tempo que a vontade de visitar Marraquexe andava a crescer, então decidimos com alguma antecedência que deste ano não passaria. Uma coisa boa ao decidir os destinos com alguma antecedência é o facto de conseguirmos viagens e hotéis bastante mais baratos.

Assim que saímos do aeroporto de Marraquexe fomos abordados por quase todos os taxistas que por ali estavam à espera dos desejosos clientes. Recusámos a oferta de todos, que não eram poucos, e decidimos apanhar um autocarro para a cidade. Já na paragem de autocarros depois de verificarmos que o autocarro 11, ia para o centro, ainda os ouvíamos a lançar valores ao ar para conseguirem conquistar o maior número de clientes possível. Mas tal como nós grande parte das pessoas que viajaram no nosso voo optaram pelo autocarro. Afinal o centro da cidade só fica a 6 quilómetros do aeroporto e a viagem não podia ser assim tão má.
Podemos dizer que a viagem foi bastante agradável e o motorista até nos deixou ficar um pouco antes da última paragem, que seria Jemaa El Fna.
Uma vez que esta seria a nossa primeira vez em Marrocos e ainda não sabíamos muito acerca da cultura marroquina optámos por ficar num hotel europeu em vez de um típico Riad normalmente situados dentro das muralhas de Marraquexe.

Marraquexe tem muito para visitar, por isso começámos por explorar o centro, ou seja, o ponto de encontro mais famoso da cidade, a praça Jemaa El Fna (Património Mundial da UNESCO).


Atravessar as ruas até lá não foi tarefa fácil, por ali não existem passadeira e é um pouco salve-se quem puder. Aquela desorganização parece estranha, mas com o passar dos dias qualquer um se familiariza.
Até às 17h não se vê grande movimento pela praça, mas assim que aquele calor mediterrânico se deixa de sentir a praça começa a ganhar vida. Chega mesmo a parecer uma confusão, mas na verdade esta é a simples forma como vivem.


Jemaa El Fna deve muita da sua fama não só à sua beleza, mas também ao grande número de "espectáculos" que por ali vão acontecendo tarde adentro. À noite as famosas barraquinhas de comida típica perfumam a praça e chamam até ela não só os habitantes locais mas também os turistas mais corajosos.


Passeámos um pouco pela praça, passámos por vários vendedores de sumo de laranja, acrobatas, encantadores de serpentes, bailarinas de dança do ventre, engolidores de espadas, curandeiros, músicos, Berberes que vendiam chá de menta, contadores de histórias, aguadeiros, mulheres que faziam tatuagem de hena, vendedores de pão, vendedores de frutos secos etc.


Já com alguma sede e vontade de sentar, subimos até ao terraço superior do café Glacier onde nos deixámos ficar até anoitecer. A vista sobre a praça e sobre aquele movimento todo é espantosa, deu para nos rirmos bastante com a forma como os marroquinos abordam os turistas, por vezes chegam a ser chatos.


Uma coisa com que ficámos surpresos foi com os preços praticados no café Glacier, pois são virados para os locais e não para os turistas. Óptimo!
Uma vez que este é um dos cafés mais concorridos, devido à vista sobre Jemaa El Fna convém subir cedo para se escolher o melhor lugar possível.


A mesquita Koutoubia é a estrutura mais alta de Marraquexe.

Apenas a apreciámos por fora uma vez que a entrada não é permitida a não muçulmanos.


Como os souks têm inúmeras entradas nós começámos a nossa visita por uma das arcadas que dá acesso a Jemaa el Fna, o aspecto dos souks é semelhante ao de Tunis na Tunísia, mas os marroquinos são bem mais persistentes quando tentam vender. Não nos deixámos intimidar e agradecemos sempre com um sorriso e ao mesmo tempo respondendo-lhes às perguntas que nos iam fazendo.
A pergunta que todos fazem e sempre, é: "De onde são?"
De tanto respondermos e agradecermos meia hora depois já estávamos cansados, lá nos convenceram e acabámos por comprar algumas coisas para nós, mas claro, depois de muito regatear.
Tivemos a sorte de comprar algumas coisas por 1/3 do preço que nos pediram inicialmente.
Por isso regatear e muito é a melhor solução.
Engraçado foi verificar o quanto eles detestam máquinas fotográficas, em alguns aspectos chega a parecer que pararam no tempo.
Os souks estão divididos por diferentes categorias, o souk das peles, das babuchas, das especiarias, dos vidros, dos espelhos, dos tapetes, dos tecidos, da cerâmica... e nem sempre foi fácil encontrarmos o que pretendíamos, nem foi fácil voltar atrás e encontrar as babuchas de que gostámos. Mas adorámos aquele labirinto colorido, movimentado, cheio de ruelas estreitas e algumas perfumadas.


Mesmo no coração de Marraquexe, muito perto da Medina visitámos a sublime Medersa Ben Youssef, anteriormente uma escola islâmica fundada no século XV, que recebeu o nome em homenagem ao sultão Ali ibn Yusuf (reinou de 1106 a 1142).
Esta escola onde se aprendia o Alcorão foi uma das maiores do Norte de África e chegou a dar abrigo a mais de 900 estudantes da religião maometana. Em toda a volta do pátio podem-se apreciar lindas arcadas cobertas de mosaicos e estuque ornamentado, varandas/ janelas discretas e muita madeira esculpida. No centro do pátio encontra-se um pequeno lago que era fundamental para ajudar à meditação, mas que hoje apenas embeleza o espaço exterior.
Os quartos onde dormiam os estudantes são consideravelmente pequenos uma vez que em cada um deles dormiam três ou quatro.


De seguida visitámos o Museu Dar Si Said, mais conhecido por Museu de Marraquexe, um "palácio" do século XIX, bastante pequeno, mas muito bem cuidado.
Por aqui vimos várias peças de arte em cerâmica e em pele, jóias berberes, tapeçaria, mas os quadros são quem reina.
O que mais nos chamou a atenção, foi sem dúvida o candeeiro gigante, que nos pareceu ser em cobre e que está na sala principal.


O Kouba El Badiyin não passa de uma pequena ruína, no entanto é um local bastante visitado uma vez que é o único exemplo existente da arquitectura Almorávida.
Foi o povo Almorávida quem fundou Marraquexe numa luta desesperada pela sobrevivência.


O bilhete engloba as 3 atracções se visitadas no mesmo dia:

-Medersa Ben Youssef
-Museu de Marraquexe
-Kouba El Badiyin

60 Dirhams

As muralhas de Marraquexe, de cor avermelhada, têm cerca de 12 quilómetros de extensão e nelas estão 19 portões que dão acesso à Medina, sendo o portão Bab Agnaou o que mais se destaca pela sua grandiosidade e beleza.
A melhor forma de passear à volta da Medina é de charrete ou táxi.


La Palmeraie é um oásis com cerca de 100 mil palmeiras carregadas de tâmaras.
Perto desta zona, especialmente nos últimos anos, os resorts de luxo começaram a crescer com alguma celeridade.
Como tínhamos muita curiosidade para ver este espaço, pedimos ao Abdul, o taxista que o Hotel nos apresentou, para nos levar até lá e não resistimos, visitámos este espaço desmedido a camelo.
Claro que tivemos de regatear o preço e estender o tempo para o dobro do que nos estavam a permitir andar.



As "tanneries", local onde se faz a curtição e tingimento das peles há centenas de anos, é um dos locais mais procurados pelos turistas.

À entrada deram-nos imediatamente um ramo de hortelã para encostarmos ao nariz durante o tempo de visita, isto porque o cheiro das "tanneries" é impossível de suportar. O guia foi-nos explicando todo o processo, mas ficámos tão chocados com as condições desumanas em que ali se trabalha que decidimos terminar a visita antes do final das explicações.
Uma das coisas que aprendemos foi que a curtição das peles é feita com os excrementos das pombas e o tingimento é feito à base de corantes de origem natural: índigo para o azul, açafrão para o amarelo, etc.
A secagem das peles é feita ao sol.


Na zona nova de Marraquexe encontra-se o Jardim Majorelle, criação de Jacques Majorelle, e destaca-se pela variedade, pela cor e pela elegância com que o estilista francês, Yves Saint Laurent, o recuperou.
O estilista francês e Pierre Bergé compraram o jardim em 1980 e nessa altura decidem dar uma nova imagem ao espaço.
O destaque está no tamanho e variedade das plantas e nas cores dos vasos, da casa, nas fontes.
O bilhete: 30 Dirhams
Jardim Majorelle click


Nos Túmulos Saarianos estão enterrados 66 membros Reais de toda uma dinastia. Estes túmulos são datados do final do século XVI/ início do século XVII, no entanto a sua existência foi desconhecida até 1920 e foi graças a um oficial Francês que este espaço foi revelado. O espaço em si é modesto em tamanho mas está lindamente decorado em estilo andaluz, a sala principal está decorada com 12 pilares.
A melhor hora para se visitar este espaço tão pequeno é durante a manhã, só assim se pode evitar os grandes grupos.
Entrada: 10 Dirhams
Fica junto à mesquita Kasbah


O palácio Badii demorou cerca de 25 anos a ser construído e dizem que depois de terminado era um dos mais belos palácios, com paredes e tectos forrados a ouro, com uma piscina que tinha uma ilha ladeada por quatro jardins abaixo do nível do chão. No entanto, a sua duração não foi além dos 100 anos, pois um sultão decidiu mandar "desmontar" o palácio, tarefa que durou 12 anos, e mandou levar tudo para a sua nova morada, Meknès.
O pátio do palácio mantém os quatro jardins, onde hoje reinam as laranjeiras. Todos os anos no mês de Julho este espaço ganha vida com inúmeros festivais de música e é um dos espaços escolhidos também para o festival de filmes internacionais.
Para além das ruínas, restam também as passagens subterrâneas.
A melhor hora para visitar é de manhã bem cedo ou ao final da tarde uma vez que este espaço não tem sombras acessíveis.
Entrada: 10 Dirhams

Top 14 - A não perder
1. Jemaa El Fna
2. Mesquita Koutoubia
3. A Medina e os Souks
4. As Muralhas e os Portões de Marraquexe
5. Túmulos Saarianos
6. Medersa Ben Youssef
7. Museu de Marraquexe
8. Koubba el Badiyin
9. Ruinas do Palácio Badii
10. Jardins Majorelle
11. As tinturarias
12. La Palmeraie
13. Jardins Menara
14. Zona nova de Marraquexe

(DICA) Para comer aconselhamos a "tagine de borrego" que encontra em grande parte dos restaurantes dentro e fora da Medina.

Se quer evitar a comida típica marroquina, o melhor local é a zona nova da cidade.


Para beber um bom chá de jasmim aconselhamos o café do Jardim Majorelle, e se for um amante de gatos deixe que um dos que anda por ali salte para o seu colo e peça umas festas.



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